E MAIS FELIZ!

As Mães vivem stressadas. Pronto, disse-o em voz alta. Eu vivo stressada. Por mais que eu tente relaxar, a vida familiar não o permite, sinto que não tenho ajuda suficiente, sinto que tudo depende de mim…

E como eu, muitas outras mães sentem o mesmo e vivem o mesmo e choram pelo mesmo e stressam pelo mesmo.

Mas não somos as únicas a pensar assim.

Foi feito um estudo em 4 países – Estados Unidos da América, Suécia, Itália e Alemanha – Making Motherhood Work: How Women Manage Careers and Caregiving, pela socióloga Caitlyn Collins, onde o objetivo era ver como as mulheres geriam as suas carreiras / emprego e a vida familiar, nomeadamente criar os seus filhos. Verificou-se que um dos principais motivos para as mulheres se stressarem tanto era porque elas queriam sentir que podiam combinar um emprego remunerado e a criação de filhos de uma forma que parecesse justa e que não as prejudicasse em casa ou no trabalho.

O ESTUDO

Na Suécia, os pais e as mães partilham igualmente a criação / educação dos seus filhos e a importância de terem um emprego remunerado, pelo que a parentalidade é compatível com o trabalho.

Na Alemanha, mais propriamente, em Berlim Oriental, as mulheres não expressaram qualquer conflito entre trabalharem e cuidarem dos seus filhos. Dizem ainda sentir muito apoio na assistência aos filhos. Mas também muitas mulheres não aspiram a uma carreira.

Na Alemanha Ocidental e na Itália, com fortes histórias de maternalismo (a crença de que as crianças são prejudicadas quando não são criadas por mães), as mulheres sentem que a carreira é incompatível com a criação dos filhos e sentem o estigma. O trabalho a tempo parcial é comum nestes países.

Os Estados Unidos da América estão em último lugar neste estudo na questão de dar apoio às famílias e crianças.

Os Estados Unidos são uma exceção entre os países industrializados do Ocidente por falta de apoio às mães que trabalham. – Caitlyn Collins

As mães americanas destacaram-se no estudo com a sua experiência em camuflar a culpa e o conflito entre emprego e família. Elas tentam resolver este problema mudando de emprego, tornando-se mais eficientes, extendendo o dia para 32 horas ou comprando a bomba de leite mais correta para extração de leite (pelo menos assim a criança continua a beber o leite materno).

As mães norte-americanas estão presas num esquema cultural conflitante – o da devoção do trabalhador e a devoção às crianças.

As mulheres que estão comprometidas com as suas carreiras, mas ocupam muito tempo com a família, violam o esquema de devoção do trabalhador, enquanto aqueles que evitam ou delegam os seus compromissos familiares violam o esquema de devoção familiar. – Caitlyn Collins

As crianças são vistas como frágeis e cuidadas apenas por mães amorosas. Os pais não podem ajudar muito, porque acredita-se que eles não tenham as habilidades certas para cuidar.

A combinação de ideais impossíveis e incompatíveis entre emprego e família, com falta de apoio político e social para as famílias trabalhadoras, colocou as mães numa situação de derrota.

Eu quero que as mães americanas parem de se culpar. Quero que as mães americanas parem de pensar que, de alguma forma, o conflito é culpa delas, e que, se tentassem um pouco mais, conseguissem um novo horário, acordassem um pouco mais cedo todas as manhãs, usando a agenda certa ou o aplicativo certo, de alguma forma descobririam a chave para gerenciar o seu stresse. Esse não é o caso. – Caitlyn Collins

E EM PORTUGAL?

Uma notícia do jornal Público de novembro de 2018, diz que em Portugal “As mulheres portuguesas trabalham fora de casa. E fazem-no até em percentagens mais elevadas do que na generalidade dos países europeus. Mas, ainda assim, o que se espera delas enquanto mães é que sejam perfeitas, disponibilíssimas, capazes de gerir uma birra sem se exasperarem, omnipresentes, imprescindíveis. E este modelo de maternidade “intensivo” revela-se de tal forma opressor que muitas se escondem em grupos fechados na Internet para desabafar a sua desconformidade com esse papel (…) Resulta deste modelo “intensivo” de maternidade, associado a uma visão tradicional do papel da mulher, que “as mulheres acabam por se esvanecer por detrás do seu papel de mãe e os restantes papéis que ela desempenha perdem legitimidade até para elas próprias”

Conseguem rever-se em tudo isto?

A MINHA EXPERIÊNCIA

Bem, eu vivo stressada porque eu sou stressada por natureza. Gosto de ter tudo organizado e detesto ter a casa dessarrumada. Mas sei que sou abençoada no que diz respeito ao pai e à ajuda que tenho dos avós.

Desde a primeira gravidez até hoje em dia que cá em casa definimos bem os papeis de cada um, o que eu faço e o que o pai faz. Ele sempre deu muito apoio, chegando mesmo a ser ele a limpar a casa nos primeiros meses após o nascimento do Martim. Limpava bem ou ao meu gosto? Não. Mas esforçava-se e limpava como sabia e podia. Ele também cozinhava e tratava das compras. Ainda hoje é ele que trata do biberão do Dinis à noite e de manhã. O Dinis sabe que essa é a função do pai, enquanto eu deito-me com ele.

Quem me conhece, sabe que eu trabalho por conta própria e a partir de casa. Poderão pensar que tenho a vida facilitada por isso mesmo. Mas não é verdade. É preciso mais organização e auto-controlo quando trabalhamos a partir de casa e ainda por cima por conta própria. Facilmente me distraio com a desarrumação da casa e vou arrumar quando é hora de trabalhar. Não pode ser. O meu trabalho é o  meu ganha pão. Então tive de aprender a organizar-me melhor e a esquecer a casa quando chega a hora de bater o ponto. Eu já vos contei tudo sobre a minha organiação e gestão de tempo no meu post sobre Organização e Gestão de Tempo para Mães Sobrecarregadas. Se ainda não o leram, podem fazê-lo aqui.

Mas mesmo com toda a organização e gestão de tempo, a verdade é que ainda me sinto sobrecarregada e por consequência stressada. Penso que nós, mães portuguesas, não somos muio diferentes das mães americanas (excepto na parte de mudar de emprego para conseguirmos conciliar melhor o empego e a familia). Nós aguentamo-nos, sobrecarregamo-nos, damos o corpo e a alma pela nossa família e emprego porque fomos criadas assim pelas nossas mães que também elas foram criadas assim porque também as mães delas foram criadas assim, and so on….

Queremos ser exemplares e não falhar nem no emprego nem na família.

Não gostamos de ser comparadas com uma prima que tem um bom emprego e uma familia linda e que consegue fazer tudo com a maior facilidade, e até foi promovida, e o filho é super inteligente na escola… Nem gostamos que a nossa sogra nos chame à atenção por causa dos nossos filhos não comerem a sopa toda…. Seja porque motivo for, mesmo quando dizemos que nada do que nos dizem nos afeta, a verdade é que afeta. Tem de afetar. Se não nos afetar é porque nao nos importamos.

Vivemos cansadas durante a semana, com o trabalho e a vida familiar. Ansiamos pelo fim de semana para podermos descansar, mas quando este chega, temos de fazer tudo aquilo que não fizemos durante a semana, como limpar, lavar, passar, brincar, passear, e logo chega uma nova semana e tudo repete. E andamos stressadas. E não vivemos.

Então, o que podemos fazer? Organizarmo-nos melhor? SIM. Conversar com o nosso marido e fazê-lo entender que as tarefas familiares (e não domésticas, porque são da família) devem ser partilhadas entre todos? SIM. Acordar mais cedo para termos um pouco de tempo para nós, para termos tempo para despertar com calma e não com o stress de ter de acordar os filhos, arranjá-los, dar o pequeno almoço, preparar o lanche, tudo isto enquanto passamos o rimel? SIM.

A resposta é SIM para tudo. Tudo aquilo que nos ajudar a libertar as energias negativas e reduzir o stress para conseguirmos viver uma vida mais feliz.

Vou partilhar convosco 30 dicas para tornarem o vosso dia a dia menos stressante e assim terem uma vida mais feliz. Podem aproveitá-las e devem adaptá-las ao vosso dia a dia e à vossa família. Não se esqueçam, que o que pode funcionar para uma mãe, pode não funcionar para vocês. Nós somos diferentes. As nossas vidas e famílias são diferentes. Por isso é perfeitamente normal que algumas destas dicas não se apliquem a vocês. E não desanimem se não funcionar à primeira. Continuem a tentar. “Especialistas” dizem que devemos tentar durante 21 dias até criarmos uma rotina. Sejam 21, 28, 31 ou 60 dias, o importante é encontrarem o vosso equilíbrio e serem felizes. Pois quando dermos por ela, os nosso filhos cresceram e não precisam mais de nós. E aí nós vamos desejar voltar àquele tepo em que andavamos stressadas com as idas aos treinos e ballet.

AS MINHAS DICAS

  1. Faz uma lista de coisas a fazer. Todos os dias escolhe as 3 mais importantes para fazer nesse dia.
  2. Faz uma lista de tarefas rápidas que ocupem 5 minutos e fá-las enquanto fazes o café na máquina, ou colocas a água a ferver para o chá.
  3. Escolhe a tarefa mais difícil, aquela que tens adiado constantemente e fá-la.
  4. Tens tarefas pequenas que apenas te ocupam 2 minutos? Estás a adiá-las porque são rápidas e pequenas? Não adies mais e fá-las. A tua lista vai ficar mais pequena.
  5. Faz todas as tarefas de rua de uma só vez. Leva a tua lista de afazeres – supermercado, talho, peixaria, lavandaria, etc – e resolve tudo nesse mesmo dia.
  6. Tens tarefas dificeis de realizar e por isso vais adiando e adiando (como pintar os tétos da casa de banho? – eu), fá-las. Não ocupes mais a tua cabeça com isso.
  7. Planeia a tua semana ao domingo à noite. Verifica o calendário, faz a lista de coisas a fazer nessa semana, faz a ementa semanal.
  8. Prepara o teu dia na noite anterior, como deixar as roupas prontas, assim como as mochilas da escola e coloca-as junto à porta da rua ou dentro da mala do carro.
  9. Quando calendarizares as tuas atividades, coloca sempre um tempo extra, pois algumas poderão demorar mais tempo do que estás à espera.
  10. Vai limpando e arrumando a casa à medida que passas pelas coisas. Não deixes acumular a desarrumação.
  11. Utiliza o calendário do telemóvel ou outra app que te ajude a lembrar das tuas tarefas.
  12. Levanta-te mais cedo. Se acordares primeiro do que os tes filhos e tiveres tempo para ti, para te arranjares, para preparares o pequeno almoço e o lanche das crianças, estarás muito mais bem disposta quando tivere de acordar as crianças e prepará-las e conseguirás sair de casa a tempo e a horas.
  13. Arranja tempo para ti mesmo. Na minha opinião, o ideal é de manhã, antes dos miudos acordarem ou depois de os levar à escola / aos avós. Tiro sempre 30 minutos para ir caminhar ou correr. E fá-lo todos os dias.
  14. Planeia as refeições com antecedência, vais poupar tempo e dinheiro.
  15. Tem uma lista de refeições / lanches pronta, de forma a que seja fácil de preparar e levar para o traalho / escola.
  16. Automatiza os teus pagamentos através do débito direto.
  17. Regista os teus gastos / pagamentose revê os débitos diretos no final de cada mês.
  18. Tem um kit para emergências no carro, com roupa para as crianças, um cobertor, água, uma lanterna, um carregador de telemóvel, trocos.
  19. Aposta na qualidade e não na quantidade. Os nossos filhos querem estar connosco, independentemente das 1000 coisas que temos planeadas com eles.
  20. Desliga-te da rede. Desliga o telemóvel, tira-lhe o som, coloca-o na gaveta, desliga a internet. Quando estiveres com os teus filhos, está verdadeiramente presente.
  21. Cria uma lista de atividades. Quando estiverem aborrecidos, sem saberem o que fazer, escolhe um item dessa lista.
  22. Encoraja os teus filhos a brincarem sozinhos e a puxarem pela imaginação. Assim conseguirás algum tempo para fazeres as tuas coisas.
  23. Sê realista com o teu dia e não ponhas pressão sobre ti mesma com uma lista interminável de afazeres para esse dia.
  24. Cria um grupo de apoio, que te ajude e te motive nos momentos mais difíceis e a quem possas recorrer quando precisares de sair.
  25. Escolhe a opção menos stressante. Não compliques as coisas de mais. pensa se não haverá uma forma mais fácil de fazer as coisas.
  26. Tem um plano secundário para quando as saídas não correm bem ou não podem simplesmente sair.
  27. Não sejas picuinhas. Não te preocupes com coisas sem importância. Não tens de fazer tudo sozinha nem precsas de o fazer. Relaxa.
  28. Procura o progresso e não a perfeição. Não tens de saber as respostas todas nem fazer as coisas com perfeição. A vida é um trabalho em progresso / em curso.
  29. Não tenhas medo de pedir ajuda.
  30. Sê gentil contigo mesma. Valoriza-te. Apoia-te. Estás a fazer o melhor que podes, e isso é o suficiente.

 

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