Sustos pelos quais uma mãe passa!
Este podia ser o tema para todos os posts deste blog ou até mesmo do fórum Mãe Real. E o problema é que os sustos não acabam nem passam com idade. Filhos criados, trabalhos dobrados, certo?
Desculpa, mãe!
O primeiro susto pelo qual passamos com o Martim foi em agosto de 2014, quando tinha apenas dois meses, e teve de ser internado.
Nessa noite, o Martim estava muito irrequieto e não queria beber o leite de biberão, como era habitual à noite, tendo acabado até por vomitar, o que nunca havia acontecido.
Quando trocamos a roupa e a fralda, vimos um pus branco a sair da pilinha. Fomos diretos para as urgências do Hospital de Gaia.
Fizeram um colheita de urina, levaram para análise e eis que recebo aquela notícia que ninguém quer ouvir, o seu filho tem uma infeção urinária e terá de ficar internado.
As lágrimas escorreram-me pela cara. Não sei como arranjei forças para não cair no chão com o pequeno ao colo.
Após o internamento ficamos a saber que o Martim tinha um megaureter à esquerda e hidronefrose.
Que palavrões, certo?
Hidronefrose e Megaureter
Pois bem, a hidronefrose consiste na dilatação do rim quando a urina não consegue passar até à bexiga. Isto acontece quando existe um bloqueio nos ureteres – canais que ligam os rins à bexiga. Este bloqueio acontece quando existe pedra nos rins, tumores nas vias urinárias, ou quando há um aumento da próstata dos homens (http://www.tuasaude.com). No caso do Martim, aconteceu porque os ureteres dele são assimétricos. O direito é “normal” e o esquerdo é grande – daí se chamar megaureter.
Por norma, estas dilatações do trato urinário são detectadas nas ecografias pré-natais, mas no caso do Martim não foi. Aconteceu após o nascimento.
Estivemos 6 dias internados e depois fizemos hospital de dia durante 10 dias. Saímos a tempo de festejar os 3 mesinhos cá fora.
O internamento foi difícil por si só. Não era fácil manter o Martim entretido, apesar de pequenino. Estava confinado a uma caminha por causa da soro. Mas o pior mesmo foi a colocação do cateter e as recolhas de sangue e urina. Qualquer mãe trocaria de lugar com o seu filho para o poupar daquelas picadas.
O tratamento é feito com antibióticos, exceto se a causa for um tumor. O Martim tomou antibiótico diariamente e andou bem, sem infeções. Realizou ecografias e um exame chamado CUM, e estava tudo bem com ele, apesar do ureter continuar grande, o que com a idade é provável que fique normal.
A doutora da Nefrologia pediátrica (área que diagnostica e trata das doenças dos rins nos bebés e crianças) que está a acompanhar o Martim resolveu que deveríamos parar com o antibiótico, pois o Martim não tinha feito mais infeções, e a toma continua de antibióticos não faz bem a ninguém quanto mais a um bebé.
Mal paramos, em fevereiro de 2016, dois dias depois, o Martim teve febre. Como tínhamos de estar atentos aos vários sintomas de uma infeção urinária e sendo que a febre era um deles, voltamos às urgências do Hospital de Gaia para despiste e voltamos a ficar internados durante cerca de 10 dias. Lágrimas.
A febre passou logo. Fez soro e depois tomou o antibiótico. Parecia que nada se passava com o Martim. Costumava dizer que ele era a criança mais saudável no hospital, só que não podia vir embora devido ao tratamento. Conseguem imaginar o que é manter uma criança de 1 ano e 8 meses entretida no hospital, quando já sabe andar e correr e mexer no que não deve?! Sempre a correr para a salinha dos brinquedos e depois chegava alguma criança doente e tínhamos de voltar para o quarto. Ficou internado numa altura em que havia um surto de gastroenterite e foi uma sorte ele não ter ficado doente por esse motivo.
Mantivemos o antibiótico até abril de 2017. Estava cheia de medo que o Martim voltasse a ficar doente, visto que estava grávida do Dinis e ia ser muito complicado ficar internada com o Martim.
Felizmente nada aconteceu até à data. O Martim está bem e espero que na próxima ecografia se verifique que o ureter diminuiu.
Mas acham que este sustos foram os únicos?! Não, claro que não. Já tivemos de voltar ao hospital com um braço partido, mas isso é outra história.
E vocês, mamãs, quais os sustos que já passaram com os vossos pimpolhos?
Alguns dados interessantes
- A ecografia prénatal de rotina permite detectar precocemente dilatações do tracto urinário e dificuldade na progressão do fluxo urinário;
- Os rins e as suprarrenais fetais podem visualizar-se a partir das 9 semanas (em 100% dos casos a partir das 13 semanas);
- A bexiga fetal pode visualizar-se em 80% dos casos a partir das 11 semanas e em mais de 90% a partir das 13 semanas;
- A produção de urina fetal inicia-se às 11- 13 semanas;
- A prevalência das dilatações urinárias é de 1-5 casos por 1.000 nascimentos (50-75% das anomalias renais), ocorrendo em 10-15 % dos casos bilateralmente;
- A hidronefrose constitui a 2ª causa mais frequente de dilatação urinária no feto principalmente do sexo masculino (incidência = 1: 2000 RN);
- O megaureter representa 10% das uropatias com DPN com uma incidência de 1 em 6500 RN.
Fonte: http://www.saudereprodutiva.dgs.pt